sexta-feira, 23 de setembro de 2022

My love




Nunca soube ao certo onde colocar meu amor.

Talvez isso explique a intensidade que sempre me acompanhou.


Por esse motivo, entreguei e recebi do improvável.  

Nas pequenas coisas que fazem diferença aos espíritos atentos. 


Numa pequena viagem na retrospectiva da minha vida, lembro de nunca querer sair desses momentos onde minha gargalhada ecoou. 


Eu amei demais. 

Só por isso, deve ter valido a pena. 

domingo, 24 de julho de 2022

Eu abraço a escuridão que sempre se fez meu lar

 Quando não se tem muito daquilo que preenche seu coração, você se apega a pouco. 


Uma frase bacana depois de não entender o lugar que te colocaram, um “vou te ver na sexta”, um “vamos sair domingo”, um abraço da enfermeira, um chacoalhão na praia. 


Todas essas coisas, pequenas aos olhos de muitos, te traz esperança, e você se apega a quem minimamente tem um gesto cuidadoso. Porque isso é tudo que você precisa para se agarrar a algo que te faça continuar lutando.


O problema é, que muitas vezes, nada disso é realizado.  E, para quem não tem muito, a dor se torna maior. Para quem passou a vida sendo ensinado que não é merecedor, o não te dilacera. Um pouco mais do que o normal. 


E,  com o passar do tempo, você devia se acostumar. Você devia se proteger a ponto de não se importar. 


Bom, ao invés disso, você, sem a capa de super herói, somente a capa da invisibilidade (te amo, Harry Potter), desenvolve crises de ansiedade. Porque sabe que, o cuidado que precisa, não chega. 


O ar te falta. Você sabe que está sendo consumido. 


Voce sente os braços trêmulos, a perna bamba, os monstros embaixo da cama estão já nas suas entranhas. E você não consegue mais correr. Não sonha mais em morar na praia. 


Te falta forças para acreditar que será salva. 


“And have a little faith in me”



domingo, 17 de julho de 2022

Who knew?


Ok, vou tentar não fazer desse, um texto deprê.


Mas sou obrigada a dizer que tem sido meses difíceis. 


E eu fico tirando força naooseideonde para continuar lutando: minha saúde, meu emprego, meu amor próprio, minhas cicatrizes físicas, os enjoos, a fadiga, a solidão e a merda toda que tem consumido minha energia. 


E todo texto que faço, deixo claro que não tô pronta pra desistir, certo? Tão nobre. Tão exaustivo


A grande verdade é que tô cansada de lutar por coisas que não chegam, sabe? 


Nos últimos sete anos, eu passei por 12 cirurgias, 2 mutilações, incontáveis medos e não desisti. Fora todo o “resto”, porque this fucking life não te da um sossego. 


Não vou me eximir da responsabilidade, eu acabo permitindo certas coisas se repetirem, como deixar pessoas com frases bonitas se aproximar e me apunhalar, e mesmo assim, continuar.


Bom, esse texto é para escrever  o que hoje falei em voz alta, e o coração desacelerou depois que o fiz: eu estou exausta. Tenho que encontrar paz em deixar acontecer o que tem que acontecer, e se for para deixar a doença me consumir, so be it. 


Você deve estar pensando: que triste. Bom, pela primeira vez não estou triste com isso. A gente precisa de um descanso. A gente luta a vida toda, a gente acredita, e coisas continuam te consumindo negativamente, por mais que a gente se apegue a força interna, ao carinho de estranhos, a saudade do que não viveu ainda. 


Essa sou eu encontrando um meio de estar em paz se é assim que tem que ser.


A minha vida vai continuar tendo trilha sonora, isso não vai mudar, e se minha hora chegar, que seja com uma das minhas músicas. Que eu fume meu último cigarro, ou dê um trago na mari. Que eu tome uma Amarula, um whiskey e uma Heineken. Que eu veja o mar, Maresias dê preferência. Que eu abrace o céu e faça uma oração ao meu anjo da guarda. 


Que eu vá com a certeza que fiz meu melhor. 


E tá tudo bem. 



segunda-feira, 4 de julho de 2022

Yolanda - Carta aberta a V


Você só tinha 17 anos.


E já conhecia a maldade, o preconceito, a realidade dura de ser uma mãe solteira. De não ter também o amor que deveria ser o maior de todos, amor de mãe. Essa foi a história que foi contada. A veracidade disso? Who knows?


Aos 21, com uma filha nos braços, conheceu um rapaz que não podia ter filhos. Foi a junção perfeita, não?


Com isso, veio a tão sonhada riqueza que faz questão em exaltar. Não trouxe consigo a humildade, muito menos o amor que nunca recebeu, para dar a sua primogênita.


Permitiu as maiores atrocidades a uma criança: liberdade de brincar, de ser menina, de descobrir o mundo. No lugar de ser criança, foram cabelos raspados como inúmeros castigos, socos, abandonos, humilhações, competição, abusos psicológicos, meses trancada em casa sem colocar a carinha pra fora, ginecologistas para confirmar virgindade, surras de chicote aos seis. Tantas outras coisas capazes de mudar alguém para sempre: a mais pura forma de crueldade. Disfarçadas, muitas vezes, por presentes sempre inferiores, para que sempre pudesse brilhar mais, e mais. Pelo menos, perante aquela que podia controlar. 


Uma de tantas frases ditas por você, que ecoa na mente dessa menina: sempre serei eu (você) em primeiro lugar. Como um dos tantos castigos que a fez passar. Hoje ela sabe que era você. Mesmo sendo ele o protagonista de quase todas as torturas que a fez passar. 


A privou de tanta coisa, a partir do momento que ela veio ao mundo. 


Era só uma menina. 


Nunca saberá se, patologicamente, você é realmente uma narcisista. Só se sabe que você sugou grande parte das coisas boas desses anos, e embora não possa culpar ninguém pelo que ela permitiu acontecer a partir de sua vida adulta (mesmo sendo calada por ti até quando abusada por um médico), demorou muito a acreditar que era você a causa do câncer dela. 


A causa desse câncer é uma mulher vazia, inescrupulosa, dissimulada, maldosa, manipuladora e narcisista. E isso nada tem a ver com genética. 


Assim que o primeiro diagnóstico saiu, o amor foi sentido pela primeira vez, sabe? Foi a primeira vez que ela foi merecedora de carinho, cuidado, atenção. 


Mas com o tempo, viu que era apenas algo a se postar nas redes sociais: a mãe da filha com câncer. Mais um controle sobre ela. Mais atenção a você! 


Foram várias as tentativas de se libertar, e nunca havia conseguido fugir do seu controle: sua opinião sempre maldosa sobre todas as pessoas, sua intensa vontade de a ver sozinha, dependente de você, mostravam que havia algo errado, mas alguém que passa a vida toda escutando que a errada era ela, fica fácil duvidar de si e se deixar controlar, afinal quem mais resta?


E, graças a você, que em um ato de fúria, pois ela, com câncer, havia feito uma grande conquista em sua vida, se mostrou verdadeiramente. Ela nunca esquecerá o exato momento que o véu caiu dos seus olhos! O começo da liberdade foi ali: não aos 20, quando foi em busca de ser livre, e o foi, mas ainda sendo mantida sob controle em forma de “amor”. 

Foi quando, pela última vez, você tentou desmerecer a pessoa que, apesar de você e toda sua maldade, era merecedora de conquistas e coisas boas, cortou o cordão de vez. 


E, com o cair do véu, tudo que era colocado debaixo do tapete, veio a tona, e ela segue buscando a cura. Porque está LATENTE nela TUDO que a fez passar! 


Honestamente, ela não sabe se será curada. Cada célula de seu corpo expira vontade de viver. Apesar de você. 


A ela, resta desejar do fundo do coração, que você encontre paz. Que um dia olhe para si e busque ajuda, para tentar fazer o bem, ser o bem, exalar energias boas, toda aquela energia boa que você sugava, e sugava, e sugava, e ela sentia, bocejava, a drenava. E ela ainda sente, mesmo de longe, você ainda o faz! 


A ela, coube o papel de não ter um filho sem pai, de encerrar um ciclo de gerações marcadas pela dor e abandono, por mais que isso custe muito mais do que palavras possam dizer. A ela, coube o papel de tentar encontrar a paz que tanto preza. 


A ela, cabe a responsabilidade de transformar todo o mal que fez, em algo bom, da melhor maneira que encontrar. E perdoar. 


A luta agora é só dela e ela a faz sem você, apesar de você e longe de você, até o fim. 


Que esse amor transcenda! 

domingo, 3 de julho de 2022

Before I disappear whisper in my ear / Give me something to echo / In my unknown future’s ear



Cores, toques, aromas … sons. 


Eu não consigo enxergar vida sem som. A música sempre me guiou desde o início, sempre minha fiel amiga e companheira: nunca me abandonou. 


Seja dançando ridiculamente, seja ajudando a colocar a emoção para fora, qual for essa emoção!


Como quase oxigênio, me ensina a respirar sons que muitas vezes desconheço, embalando o medo em forma de poesia e me ajudando a abraçar os dias que chegam. 


Eu sou som. 


Eu sou o eco da vontade de viver que cala em meus ossos.



Eu sou o solo de guitarra que grita em meus pulmões. 





sábado, 25 de junho de 2022

Go easy on me baby


Nunca me foi prometido ser fácil. 

Você pode ver onde estou, o que conquistei, e achar “menina branca de classe média privilegiada”. 


Bem, o câncer me ensinou que eu não posso comparar dores, cada um de nós é um livro cheio de memórias. As minhas, se transformaram em doença, e acredito piamente nisso. E não, quem consegue me enxergar além, não verá uma mulher amargurada. Eu ainda carrego o sorriso de criança, e talvez isso tenha me mantido viva até hoje. 


Você vai me ver falando vez ou outra, que busco curar minha alma. Busco salvar a menina que foi abusada, negligenciada, abandonada, humilhada, diminuída, castigada, traída.


Veja, demorei 40 anos para perceber que, mesmo sendo uma pessoa solitária, sempre busquei pertencer. Sempre com medo de falhar, sempre me defendendo porque foi assim que aprendi a [sobre]viver. Sempre querendo pertencer.


Eu estar viva, é um milagre. Vi pessoas usarem minha doença para sua própria redenção, usarem minhas vitórias para seu próprio deleite. Não sei bem se isso é patologicamente uma doença, maldade pura ou qualquer outra coisa. Sei apenas que contribui a minha vida toda para isso, me desacreditando, tomando por amor aquilo que me prendia e controlava, buscando amigos que fazem o mesmo, afinal preciso provar ao meu inconsciente que estou e sou errada: foi o que aprendi! Não fui uma filha desejada ou amada, fui usada como moeda de troca desde a infância e tenho traumas profundos. 


Então, estou aqui nesse processo de cura, porém ainda acolho o outro, mesmo me ferindo. Não dizem que os machucados machucam? Venho tentando não ser quem machuca, vou errar algumas vezes, mas trago no peito a melhor das intenções para mudar talvez o ciclo de gerações que vieram antes de mim e causaram tudo isso.

Porém, a sociedade sempre vai enxergar o solitário como o freak, aquele que tem algo errado: “como você se internou sozinha?” “Alguém veio te visitar?” “Você não tem ninguém” - falo essas frases porque é muito fácil humilharmos quem mostra a verdadeira face. Você se torna alvo fácil e o outro, as vezes até sem saber, vai usar isso a favor dele: já vi acontecer all the fucking time. 

Estamos o tempo todo julgando, talvez seja uma maneira de nos enxergar melhor que o outro. A verdade é que eu vejo uma sociedade doente, e vivemos nesse looping. Tem hora que ser sozinha é uma benção: enche o saco tentar explicar pro outro a minha realidade. 

Pois baby, pega leve comigo. Eu sinto diferente da maioria das pessoas. Tento aprender todos os dias que sou merecedora de boas energias, plantando essas energias da melhor maneira que consigo. Olhe para mim com carinho e você vai ter minha lealdade até o fim da vida. 
Se escolher me acompanhar durante parte dessa jornada, saiba que uma pessoa solitária tem muito que aprender, tenha paciência comigo. O amor que existe em mim, é capaz de salvar e transcender. 

Eu espero transcender ainda nessa vida, não estou pronta para partir assim. 




quarta-feira, 22 de junho de 2022

What if this is all the love you ever get?


Vanessa significa “como uma borboleta”. Foi criado através da junção de dois nomes por um irlandês em homenagem a uma amiga, originando uma espécie de lagarta que sai do seu casulo, passando por todo um processo de transformação. Clichê, né?

Well, my friend …. na vida dessa Vanessa que vos fala, mesmo sendo clichê, não imagino outro nome. Não vestiria outra capa invisível.

E essa tattoo, simboliza muito mais do que meu braço direito: é o olhar para dentro, o carinho com a alma, a libertação de um corpo tatuado contando uma história de tabus, de quebra de padrões, de fins de ciclos, e de recomeços, também. 

Entre todas as cicatrizes visíveis e [in]visíveis, meu corpo conta uma história de busca, superação, lagartas e borboletas, gritando com os olhos de Capitu, afogando a voz no vinho tinto que molha a minha ânsia de viver.

Senta aqui, me deixa contar as cicatrizes da sua alma enquanto desvendamos o segredo do mundo.

terça-feira, 21 de junho de 2022

Eu vou te amar como um idiota ama

 Hoje falaremos sobre um assunto muito sério: o tráfico de entorpecentes lícitos dentro do hospital.


Não, ninguém fala disso e não! Não envolve tráfico de órgãos: não que eu tenha conhecimento disso nesse momento kkkkk | meus órgãos não servem, esquece! 

Falando disso, qualquer erro de português desses últimos dias, deve ser ignorado com força pois estou sob forte efeito de drogas! Dorgas emocionais, inclusive.


Nesse momento, não sei bem o sentimento, e talvez essa seja a busca essencial do meu ser: o que sentir, como sentir, por que eu sinto, o que me faz querer fumar num quarto  de hospital! Com o dreno pendurado como meu melhor amigo, com a claustrofobia sendo dissolvida pela nicotina…eu sinto todo amor idiota que me move! 

Seja tentando ser uma pessoa melhor, seja resgatando raizes, seja sendo mais leve porque a porrada que levo da vida me nocauteia, me cansa MAS NÃO ME DERRUBA!


E assim seguimos…não falando objetivamente do tráfico de entorpecentes lícitos - mas deixando claro sua importância no meu processo terapêutico :)


segunda-feira, 20 de junho de 2022

I will follow you down

 Estou internada desde quinta, 16.

O gosto amargo do remédio, ou dos remédios, dão aquela esperança marota de que: tudo poderia ser pior! 

Tá bem, sem sarcasmo nesse momento, embora ele me ajude algumas vezes. Sarcasmo te faz rir do chute no saco, te faz rir de si mesmo e das desgraças alheias à sua vontade! Sarcasmo pode ser uma benção …

Falando nisso, como um ser vivo pode escolher trabalhar com oncologia, sem um pingo de amor no seu dia a dia? Sério, a maior parte das pessoas da área da saúde, que passei nesses 7 anos de vida oncológica (sarcasmo, sua bitch), possuem algo alterado em seu DNA: o amor parece brotar dos olhinhos desses seres, e olha que nem sou uma criancinha careca, e ainda assim, sou merecedora desse amor.

Prs quem tá vivendo isso na pele, e muitas vezes não encontra amor no seu dia a dia com outras pessoas, isso faz toda diferença. 


Eu já fui salva algumas vezes por esse amor estranho, puro e essencial a minha cura.

segunda-feira, 13 de junho de 2022

“Last train home”

Me peguei pensando: qual será meu legado

Playlists do spotify, fotos espalhadas pela web, pensamentos em papéis largados por aí …

Não, isso nunca seria suficiente para uma alma como a minha. 

Se aproximou uma antiga ideia, de tentar traduzir sentimentos em palavras. 

Nasce então mais um blog. Histórias contadas pela visão aumentada de um coração inquieto, pouco compreendido, esperançoso.

Sabe, venho tentando curar a alma. Isso é bem real. 

Me resta fazer o que acho que sei e, a partir daí, quem sabe a cura não chegue? Se não chegar até mim [a cura], que eu alcance alguns corações como o meu, e que o amor dilatado e suprimido aqui, transborde, transcenda, desperte…

Se acomode, leia além das palavras, me acolha. 

Vamos embarcar nesse trem.