sábado, 25 de junho de 2022

Go easy on me baby


Nunca me foi prometido ser fácil. 

Você pode ver onde estou, o que conquistei, e achar “menina branca de classe média privilegiada”. 


Bem, o câncer me ensinou que eu não posso comparar dores, cada um de nós é um livro cheio de memórias. As minhas, se transformaram em doença, e acredito piamente nisso. E não, quem consegue me enxergar além, não verá uma mulher amargurada. Eu ainda carrego o sorriso de criança, e talvez isso tenha me mantido viva até hoje. 


Você vai me ver falando vez ou outra, que busco curar minha alma. Busco salvar a menina que foi abusada, negligenciada, abandonada, humilhada, diminuída, castigada, traída.


Veja, demorei 40 anos para perceber que, mesmo sendo uma pessoa solitária, sempre busquei pertencer. Sempre com medo de falhar, sempre me defendendo porque foi assim que aprendi a [sobre]viver. Sempre querendo pertencer.


Eu estar viva, é um milagre. Vi pessoas usarem minha doença para sua própria redenção, usarem minhas vitórias para seu próprio deleite. Não sei bem se isso é patologicamente uma doença, maldade pura ou qualquer outra coisa. Sei apenas que contribui a minha vida toda para isso, me desacreditando, tomando por amor aquilo que me prendia e controlava, buscando amigos que fazem o mesmo, afinal preciso provar ao meu inconsciente que estou e sou errada: foi o que aprendi! Não fui uma filha desejada ou amada, fui usada como moeda de troca desde a infância e tenho traumas profundos. 


Então, estou aqui nesse processo de cura, porém ainda acolho o outro, mesmo me ferindo. Não dizem que os machucados machucam? Venho tentando não ser quem machuca, vou errar algumas vezes, mas trago no peito a melhor das intenções para mudar talvez o ciclo de gerações que vieram antes de mim e causaram tudo isso.

Porém, a sociedade sempre vai enxergar o solitário como o freak, aquele que tem algo errado: “como você se internou sozinha?” “Alguém veio te visitar?” “Você não tem ninguém” - falo essas frases porque é muito fácil humilharmos quem mostra a verdadeira face. Você se torna alvo fácil e o outro, as vezes até sem saber, vai usar isso a favor dele: já vi acontecer all the fucking time. 

Estamos o tempo todo julgando, talvez seja uma maneira de nos enxergar melhor que o outro. A verdade é que eu vejo uma sociedade doente, e vivemos nesse looping. Tem hora que ser sozinha é uma benção: enche o saco tentar explicar pro outro a minha realidade. 

Pois baby, pega leve comigo. Eu sinto diferente da maioria das pessoas. Tento aprender todos os dias que sou merecedora de boas energias, plantando essas energias da melhor maneira que consigo. Olhe para mim com carinho e você vai ter minha lealdade até o fim da vida. 
Se escolher me acompanhar durante parte dessa jornada, saiba que uma pessoa solitária tem muito que aprender, tenha paciência comigo. O amor que existe em mim, é capaz de salvar e transcender. 

Eu espero transcender ainda nessa vida, não estou pronta para partir assim. 




Um comentário:

See ya ;)