segunda-feira, 4 de julho de 2022

Yolanda - Carta aberta a V


Você só tinha 17 anos.


E já conhecia a maldade, o preconceito, a realidade dura de ser uma mãe solteira. De não ter também o amor que deveria ser o maior de todos, amor de mãe. Essa foi a história que foi contada. A veracidade disso? Who knows?


Aos 21, com uma filha nos braços, conheceu um rapaz que não podia ter filhos. Foi a junção perfeita, não?


Com isso, veio a tão sonhada riqueza que faz questão em exaltar. Não trouxe consigo a humildade, muito menos o amor que nunca recebeu, para dar a sua primogênita.


Permitiu as maiores atrocidades a uma criança: liberdade de brincar, de ser menina, de descobrir o mundo. No lugar de ser criança, foram cabelos raspados como inúmeros castigos, socos, abandonos, humilhações, competição, abusos psicológicos, meses trancada em casa sem colocar a carinha pra fora, ginecologistas para confirmar virgindade, surras de chicote aos seis. Tantas outras coisas capazes de mudar alguém para sempre: a mais pura forma de crueldade. Disfarçadas, muitas vezes, por presentes sempre inferiores, para que sempre pudesse brilhar mais, e mais. Pelo menos, perante aquela que podia controlar. 


Uma de tantas frases ditas por você, que ecoa na mente dessa menina: sempre serei eu (você) em primeiro lugar. Como um dos tantos castigos que a fez passar. Hoje ela sabe que era você. Mesmo sendo ele o protagonista de quase todas as torturas que a fez passar. 


A privou de tanta coisa, a partir do momento que ela veio ao mundo. 


Era só uma menina. 


Nunca saberá se, patologicamente, você é realmente uma narcisista. Só se sabe que você sugou grande parte das coisas boas desses anos, e embora não possa culpar ninguém pelo que ela permitiu acontecer a partir de sua vida adulta (mesmo sendo calada por ti até quando abusada por um médico), demorou muito a acreditar que era você a causa do câncer dela. 


A causa desse câncer é uma mulher vazia, inescrupulosa, dissimulada, maldosa, manipuladora e narcisista. E isso nada tem a ver com genética. 


Assim que o primeiro diagnóstico saiu, o amor foi sentido pela primeira vez, sabe? Foi a primeira vez que ela foi merecedora de carinho, cuidado, atenção. 


Mas com o tempo, viu que era apenas algo a se postar nas redes sociais: a mãe da filha com câncer. Mais um controle sobre ela. Mais atenção a você! 


Foram várias as tentativas de se libertar, e nunca havia conseguido fugir do seu controle: sua opinião sempre maldosa sobre todas as pessoas, sua intensa vontade de a ver sozinha, dependente de você, mostravam que havia algo errado, mas alguém que passa a vida toda escutando que a errada era ela, fica fácil duvidar de si e se deixar controlar, afinal quem mais resta?


E, graças a você, que em um ato de fúria, pois ela, com câncer, havia feito uma grande conquista em sua vida, se mostrou verdadeiramente. Ela nunca esquecerá o exato momento que o véu caiu dos seus olhos! O começo da liberdade foi ali: não aos 20, quando foi em busca de ser livre, e o foi, mas ainda sendo mantida sob controle em forma de “amor”. 

Foi quando, pela última vez, você tentou desmerecer a pessoa que, apesar de você e toda sua maldade, era merecedora de conquistas e coisas boas, cortou o cordão de vez. 


E, com o cair do véu, tudo que era colocado debaixo do tapete, veio a tona, e ela segue buscando a cura. Porque está LATENTE nela TUDO que a fez passar! 


Honestamente, ela não sabe se será curada. Cada célula de seu corpo expira vontade de viver. Apesar de você. 


A ela, resta desejar do fundo do coração, que você encontre paz. Que um dia olhe para si e busque ajuda, para tentar fazer o bem, ser o bem, exalar energias boas, toda aquela energia boa que você sugava, e sugava, e sugava, e ela sentia, bocejava, a drenava. E ela ainda sente, mesmo de longe, você ainda o faz! 


A ela, coube o papel de não ter um filho sem pai, de encerrar um ciclo de gerações marcadas pela dor e abandono, por mais que isso custe muito mais do que palavras possam dizer. A ela, coube o papel de tentar encontrar a paz que tanto preza. 


A ela, cabe a responsabilidade de transformar todo o mal que fez, em algo bom, da melhor maneira que encontrar. E perdoar. 


A luta agora é só dela e ela a faz sem você, apesar de você e longe de você, até o fim. 


Que esse amor transcenda! 

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